domingo, 20 de julho de 2008

A Montanha

Após algumas horas de sono, soa o despertador. Uma da madrugada. Pego os víveres da geladeira e os passo para a bolsa térmica. Após um lanche rápido, apanho as mochilas e saio de casa, cheio de entusiasmo para mais um dia de montanha, sem me importar com a alteração de fuso horário biológico.
Noite fria. Lua cheia. O grupo das 11 pessoas se reúne no ponto de encontro e parte, precisamente, às duas horas.
Uma hora mais tarde, chegamos à fazenda (S 25° 13' 16,67" W 048° 51' 20,86"). Atendemos ao protocolo de preencher as lacunas de nome e destino, na lista dos montanhistas presentes nas trilhas. A distância a ser percorrida nem é tão grande (cerca de 8km) porém com muitos obstáculos, alguns perigosos que, não raro, fazem vítimas. Por isso o preenchimento garante um eventual resgate, se necessário.
É preciso coragem para embrenhar-se nas trevas da floresta. Horário de início da caminhada 3h25. A precursora da idéia e organizadora do grupo, Aliny Borba, jovem e destemida, membro ativo do Grupo Pegadas, vai na frente. Guia os aventureiros pela escuridão. Desmonta as teias de aranha do caminho.
As lanternas de cabeça acesas dão a sensação de estarmos em uma procissão. Nos vem a lembrança as expedições em cavernas, como as do Vale do Petar (SP). O grupo caminha silencioso pela mata. Nos descampados desligamos as lanternas e caminhamos à luz do luar. Pausas para reagrupamento e breve descanso.
Primeira parada: fonte. Abastecemos os cantis.
Às 5h20 vemos pela primeira vez o contorno das montanhas mais escuras em relação ao céu (foto Pico do Itapiroca). Vemos a imponência do maciço granítico do Paraná a poucos km de distância à frente.
Um dos objetivos é chegarmos ao A1 (primeiro acampamento - S 25° 14' 48,30" W 048° 49' 26,40") antes do alvorecer. O GPS informa que o sol romperá a linha do horizonte às 6h58. O grupo, bem preparado fisicamente, mantém um bom ritmo e chega a quinze minutos da aurora.
A temperatura é ainda mais baixa do que na fazenda. A roupa molhada de suor aumenta a sensação térmica de frio. Estamos na altitude de 1575m. Após um breve lanche, testemunhamos a um esplêndido nascer de sol, no longínquo horizonte.
Desligadas as lanternas, seguimos então para o A2. A trilha vai se tornando mais pesada, não só pelo aumento das dificuldades em se transpor os obstáculos rochosos, mas também por já estarmos há mais de 4 horas caminhando, com ar mais rarefeito e sem uma boa noite de sono. A luva de trilha se revela fundamental. Utiliza-se a força dos braços com bastante freqüência e as superfícies rugosas castigariam muito mãos sem luvas.
Seguimos corcoveando pela crista das montanhas (foto), num cansativo sobe e desce.

Chegamos a descer um desnível de mais de 100m para então iniciarmos o derradeiro ataque ao cume. O caminho passa então a contornar o maciço do Paraná pela direita, face oeste, à sombra nesta hora do dia. Momentos típicos de escalada a partir de agora. Abraçando-se a pedras e utilizando como apoio grampos estrategicamente colocados ou correntes, vamos subindo. Com algumas pausas para diminuir os batimentos cardíacos, acelerados não se sabe se pelo esforço ou pelo medo provocado pela proximidade dos precipícios. Chegamos ao A2. Última parada para descanso. Alguns companheiros partem na frente. Aproveito para observar a paisagem. Nenhuma formação nebulosa no céu. Atmosfera límpida. O visual é hipnotizante.

Exaurido de forças já posso observar pessoas no cume (foto abaixo). Não consigo identificá-las dessa posição. O objetivo está bem próximo agora. Última pausa para descanso e 5 horas e 40 minutos depois do início da caminhada atingimos o ponto culminante do estado com 1879m de altitude (S 25° 15' 10,30" W 048° 48' 31,60"), segundo o GPS.
Inspirado pelo livro As Montanhas do Marumbi e com a ocasião proporcionada pelo Grupo Pegadas, retornei ao PP, após 18 anos. Parece que foi ontem. Nada na montanha mudou. Dei mais sorte desta vez pois o tempo colaborou para boas fotos. Melhor equipado, mais experiente e mais bem preparado , consegui cumprir a jornada de ida e volta no mesmo dia, sem a necessidade de acampar como fizemos em 90. Foram pouco mais de 10h de caminhada. O monitor cardíaco registrou o consumo de mais de 8000kcal (embora alguns companheiros achem que este valor não esteja correto).

Para nossa surpresa (e para diminuir a grandeza de nossa façanha), encontramos um praticante de parapente, devidamente equipado e prestes a decolar do cimo. Após três ou quatro decolagens abortadas, eis que piloto partiu! Dêem uma olhadinha no vídeo abaixo.
Obrigado pela sua companhia em mais essa aventura.
Abraço peregrino a todos _o/

domingo, 13 de julho de 2008

ITAIPU à noite

Desde que a Itaipu Binacional inaugurou o espetáculo noturno de iluminação da barragem, sempre tive vontade de assistir, mas faltava motivação. Apareceu então a oportunidade de presenciar uma dessas exibições, e do lado paraguaio da represa.
O lado de lá, como o de cá, apresenta o hall do anfi-teatro repleto de painéis de auto-promoção da empresa, informando aos turistas as atividades sócio-ambientais que a bi-nacional desenvolve nos municípios lindeiros ao lago, nos dois países. A maior diferença é que o anfi-teatro não é destinado ao tradicional filme institucional que estamos habituados a ver do lado brasileiro. Ontem tive a oportunidade de assistir a um show gratuito, com diversas apresentações musicais. Primeiro uma cantora de nome Paola, com sua bela voz cantou algumas polcas paraguaias, incluindo nossa conhecida Galopeira, porém na versão original (e não na traduzida, cantada pelo Donizette há mais de 20 anos!). Depois uma família de músicos (mãe cantora, e três filhos), moradores de Hernadárias, se apresentaram, arrancado aplausos das mais de 300 pessoas (entre elas, muitas crianças) que abarrotavam o auditório.
Uma banda, também de Hernandárias, porém de Rock, apresentou-se com uma música argentina, uma brasileira (Ana Júlia), uma extrangeira (Queen) e encerrando com um rock paraguaio. Foi mais de 1h de show de ótima qualidade!
E então partimos para o tão falado espetáculo. Uma boa opção para as noites de sexta e sábado, na tríplice fronteira.
Saudações do aventureiro!





segunda-feira, 7 de julho de 2008

Dia de records pessoais

Tempo bom. O sol nascia sem interferências. O céu azul e a temperatura de 15°C indicavam que seria um ótimo dia de corrida. Precisamente às 7h45 soou a buzina de largada. 508 homens e 133 mulheres iniciaram a jornada para os longos 21,1km.
Concentrado, a cada km acionava o "lap" no cronômetro. Satisfeito com a velocidade de 12km/h, acompanhava o pelotão que rapidamente engolia os trechos planos. As placas se sucediam com grande rapidez. A meta estava sendo atingida, mas quando começassem as subidas é que seria a hora da verdade.
A dor, fiel companheira, não poderia ficar de fora. Logo cedo, ao sair da cama e tocar o pé chão ela já se manifestava no calcanhar. Bem na conexão do calcâneo como tendão de Aquiles. Sumiu logo depois do aquecimento, em casa ainda. Agora, durante a prova ela estava de volta. Itinerante, decidiu retornar em outras partes. Já na primeira grande subida, do Rio Tamanduá, passou para a panturrilha direita. A endorfina e adrenalina tentavam distraí-la. Procurei ignorá-la e manter o ritmo.
Descidas e subidas se alternavam. Como uma criança hiper-ativa, ela procurava chamar a atenção. Subiu então para o joelho esquerdo, antes da metade da prova. "Isso não é problema meu", pensei.
Entramos no Parque Nacional, na floresta. Ninguém no portão, ao contrário do ano passado. Uma descida leve, longa e consistente. Quem dera fosse assim até o fim. Passamos da metade, agora. Poucos atletas nas proximidades. O cansaço já dava sinais de vida. Veio juntar-se à dor, que insistente, atacava em outra frentes mais. As parciais já não me agradavam: 5 e 30... 5 e 30... 5 e 30. O tempo sonhado já ia ficando distante. Não seria mais possível. Mas mesmo assim o tempo do ano passado seria melhorado, com certeza. Uma ex-aluna (voluntária) me dá um copo de água de côco. "Boa prova", grita, depois de me reconhecer, enquanto me afasto.
Ao contrário de provas como a S. Silvestre (que em determinados momentos mais parece uma grande caminhada) ninguém parava de correr. Só passei por 2 nessas condições, em todo o trajeto.
Km 20. Poucos funcionários do hotel que desceram até a estrada aplaudiam e incentivavam. Depois da última lomba e reta de chegada, em descida, felizmente. O rapaz do alto-falante faz um comentário jocoso com o meu numeral (71): "Lá vem o sete um", atraindo a atenção dos presentes. Chegando sozinho, acelero, aceno, rio, brinco de aviãozinho, curto o momento. A bateria de canhões dos fotógrafos disparando em minha direção. Flashs e mais flashs pipocando. Cruzo a linha! Dever cumprido. Mais uma medalha para a coleção.
Os records - Maior distância correndo sem interrupções (21,1km). Melhor tempo para a distância (1h52 - cinco min a menos que a do ano passado). Maior consumo calórico (4138 kcal). Segunda melhor marca para 10km (50min30s).
Ainda não tenho as fotos da corrida, mas tão logo tenha, prometo publicá-las.
Um grande abraço aos queridos leitores e torcedores.


sexta-feira, 4 de julho de 2008

A festa já começou

Dou início ao ritual que tanto gosto. Sentado na sala, vou tirando o cadarço do tênis e o reinstalando com o chip enlaçado. No pé esquerdo, segundo recomendação do folheto. Desastrado, furo o dedo ao enfiar um dos quatro alfinetes que prenderão o numeral 71 na bela camiseta da prova. Sua cor é a mesma da dos detalhes do tênis. Me alegro com a coincidência. Afinal é sempre bom manter a elegância.
Alguém pode estar se perguntando: - Chip? Que chip? Eu explico. Há alguns anos foi desenvolvido um dispositivo (foto) que cada atleta deve afixar no tênis. Na linha de largada há um tapete com um sensor que o lê, dando início à contagem do tempo. Assim, mesmo que o atleta leve alguns minutos entre o tiro de largada e a sua efetiva passagem pela linha, essa perda não é computada. Moderno, não?
A organização promove amanhã um buffet de massas para os quase 750 atletas, no restaurante do Hotel Mabu. O tempo está firme. A temperatura agradável. Humidade relativa do ar perfeita.
Agora é só caprichar na dieta e no alongamento para fazer bonito na corrida.
Obrigado a todos pela torcida!
Grande abraço.